Vista apenas camisetas pretas
Ordem e progresso perante os bombardeios de informação e confusão do dia-a-dia? Aqui vai uma reflexão e algumas possíveis soluções para a tomada de decisão efetiva 😁.
O resumo:
Quem nunca se sentiu travado e improdutivo depois de um dia puxado em frente as telas? Decidir, se comprometer, e focar naquilo que realmente importa está cada vez mais difícil 🤌.
Nós, brasileiros, somos fissurados em redes sociais: queimamos em média 3 horas e 31 minutos dos nossos dias nas plataformas. Ao longo de um dia fazemos 10 checks em nossas redes sociais 😱. É muita provocação para um cérebro que precisa focar, um corpo que precisa se mexer, e uma vida que precisa ser vivida longe das telas.
Vivemos num conflito interno forte porque queremos ser livres e simples ao mesmo tempo. Liberdade significa poder escolher entre muitas opções, enquanto simplicidade significa focar no essencial e se livrar dos excessos 😕.
Focando em tomada de decisão, o autor Barry Schwartz nos traz o conceito de "Otimizadores" e "Maximizadores". Os "Maximizadores" são indivíduos que buscam a maximização de suas escolhas, tentando obter o melhor resultado possível. Os "Otimizadores" são aqueles que buscam tomar decisões satisfatórias, escolhendo a alternativa que atende bem às suas necessidades, sem necessariamente buscar a melhor opção absoluta 😅.
Para finalizar o dia com a sensação de progresso e prosperidade, foque ao menos 2 horas no seu top goal. Tenha clareza dos seus valores e aspirações de médio e longo prazo e traduza sua meta de 12 meses mais importante para ações concretas que precisam ser trabalhadas diariamente para chegar lá 🎯.
Os foguetes consomem 90% de sua energia durante o lançamento, quando precisam superar a força da gravidade e alcançar a estratosfera. Lançar um novo produto ou negócio é muito parecido. Tudo tende à entropia e ao caos; portanto o dono do projeto deve ter foco absoluto em realizar o lançamento e garantir que ele alcance a estratosfera. Se o top goal envolve o lançamento de “foguetes", ele deve consumir no mínimo 6 horas focadas do seu dia, que podem ser divididas em 3 sessões de 2 horas com intervalos funcionais (emails, whats, ligações não relacionadas) ou rejuvenecedores (fazer uma caminhada, beber um chá, meditar) 🚀.
Finalmente, comece o dia sem ter que pensar muito sobre o que vai vestir. Faça igual a um amigo do mundo de venture capital, vista apenas camisetas pretas 🖤.
Quantas vezes você já checou o whats e o insta hoje? Os checks nas redes sociais e suas derivações da imaginação nos levam a muitos lugares, menos ao momento presente e ao que realmente importa. A comparação com a vida alheia é inevitável, os cenários mentais sobre os caminhos que poderíamos ter percorrido, e as provocações sobre como deveríamos estar utilizando o nosso tempo são ansiedade na veia 😰.
Nós, brasileiros, somos fissurados em redes sociais: queimamos em média 3 horas e 31 minutos dos nossos dias nas plataformas, ficando em terceiro lugar no ranking mundial e perdendo apenas para Filipinas e Colombia. A média mundial é 2 horas e 24 minutos. Sabe quantos desses checks fazemos ao longo de um dia? 10, em média 😱 . É muita provocação para um cérebro que precisa focar, um corpo que precisa se mexer, e uma vida que precisa ser vivida longe das telas. Que usemos as redes sociais ao nosso favor, sem sermos usados por elas; o duro é saber o limite, mas no fundo no fundo cada um sabe o seu 😁.
No contexto empreendedor, as demandas são absurdas, com o constante apagar de incêndios, mensagens conflitantes de investidores e board members que forçam prioridades distintas, e a perda de foco é uma constante. Nesta semana eu trago algumas reflexões e dicas práticas sobre tomada de decisão, produtividade e bem-estar.
Queremos tudo! Ser livres, ser simples …
A natureza humana é complexa e muitas vezes contraditória. Uma das contradições mais intrigantes é a busca simultânea pela liberdade de escolha e pela simplicidade. Enquanto ansiamos por ter inúmeras opções e possibilidades, também desejamos uma vida simples e sem complicações. Acreditamos que quanto mais opções temos, mais liberdade e autonomia sentimos.
No entanto, ao mesmo tempo em que buscamos a liberdade de escolha, também nos sentimos atraídos pela simplicidade. A vida moderna é frequentemente marcada por excesso de informação, estímulos constantes e uma infinidade de opções. Assim, sentimos um desejo profundo por uma vida mais simples, onde possamos nos livrar do excesso e nos concentrar no essencial. A simplicidade é um antídoto para o estresse e a sobrecarga que experimentamos em suas vidas diárias.
É nesse ponto que surge o dilema da escolha. À medida que buscamos a liberdade de escolha, muitas vezes nos deparamos com a sobrecarga de opções. O número excessivo de escolhas pode levar à paralisia de análise e à dificuldade em tomar decisões. Além disso, a multiplicidade de opções pode levar a um sentimento de insatisfação constante, pois sempre há a sensação de que poderíamos ter feito uma escolha melhor. Essa contradição cria um conflito interno entre o desejo de liberdade (com a maximização da opcionalidade) e a busca por simplicidade.
No que se refere a carreira, a internet aumentou exponencialmente as possibilidades profissionais. Aqui temos uma benção e uma maldição ao mesmo tempo.
Otimizador ou maximizador?
No livro “The Paradox of Choice", Barry Schwartz nos traz o conceito de "Otimizadores" e "Maximizadores". Os "Maximizadores" são indivíduos que buscam a maximização de suas escolhas, buscando sempre a opção ideal e tentando obter o melhor resultado possível. Por outro lado, os "Otimizadores" são aqueles que buscam tomar decisões satisfatórias, considerando um equilíbrio entre as opções disponíveis e escolhendo a alternativa que atende bem às suas necessidades, sem necessariamente buscar a melhor opção absoluta.
Os Maximizadores tendem a examinar todas as opções disponíveis, pesquisar exaustivamente, comparar e avaliar cada detalhe antes de tomar uma decisão. Eles experimentam altos níveis de estresse e ansiedade, pois estão constantemente preocupados em tomar a escolha "certa" e sentem insatisfação se acreditarem que poderiam ter feito uma escolha melhor. Essa busca pela perfeição e pelo melhor resultado leva a um ciclo interminável de comparação e arrependimento, o que pode impactar negativamente a felicidade.
Por outro lado, os Otimizadores têm uma abordagem mais pragmática e satisfatória em relação à tomada de decisões. Eles consideram as opções disponíveis, avaliam as informações relevantes e escolhem uma alternativa que atenda bem aos seus critérios e necessidades. Eles tendem a ser mais adaptáveis e flexíveis, aceitando que nem sempre haverá uma opção perfeita. Isso leva a uma maior sensação de satisfação e contentamento com suas escolhas, resultando em níveis mais elevados de felicidade.
O impacto na felicidade está relacionado à forma como esses diferentes estilos de tomada de decisão podem afetar os níveis de estresse, ansiedade e satisfação com as escolhas feitas. Os Otimizadores tendem a experimentar maior felicidade, pois estão mais propensos a aceitar e valorizar as decisões tomadas, enquanto os Maximizadores podem enfrentar desafios emocionais e de bem-estar devido à pressão pela escolha perfeita. Com todo o acesso a informação de hoje e input e pressão das redes sociais, me atrevo a dizer que somos tentados cada vez mais a sermos Maximizadores. Como melhorar isso?
Qual o seu top goal?
Referenciando outro livro bom sobre o tema, o Essencialismo, a disciplinada busca por menos, traz insights relevantes. Greg McKeown oferece um antídoto para prosperar frente a um bombardeio de confusão que eu aplico na minha vida e já vi empreendedores aplicarem de forma bem sucedida: tenha clareza do seu top goal, ou objetivo principal, e trabalhe nele de maneira focada ao menos 2 horas por dia.
Como definir seu top goal? No contexto pessoal significa ter clareza dos seus valores e aspirações de médio e longo prazo, traduzindo metas de 12 meses para ações concretas que precisam ser trabalhadas diariamente para chegar lá. Quanto mais específica for a meta, melhor.
Para empresas, é bem parecido: tudo começa com seus valores e visão, que são desdobrados em OKRs através de um bom planejamento estratégico. Tipicamente estes são eventos trimestrais onde as lideranças vão para um offsite e relembram a essência da empresa e suas aspirações, revisando os resultados passados e alinhando ou definindo as metas para o próximo ciclo. Offsites também são ótimas oportunidades para celebrar as conquistas, construir e fortalecer relacionamentos, e criar comunidade. Aqui é crítico que todas as áreas da empresa estejam representadas e saiam com clareza absoluta sobre seus top goals, como serão medidos, e quem são os donos. Dica prática: sempre um dono principal por projeto, aplicando o senso de responsabilidade absoluta na organização. Os resultados devem ser apurados mensalmente, normalmente por um time de PMO, e comunicados a todos da empresa com transparência. Transparência gera confiança, confiança gera vínculo, que gera comunidade, cultura e performance.
Conforme escrevi anteriormente, a cultura da empresa define o “como” fazer, já o planejamento estratégico e OKRs definem “o quê” fazer. Trabalhar intencionalmente em ambos é crítico para o sucesso de qualquer negócio e, portanto, prioridade de qualquer CEO.
Lançando novos foguetes? Triplique o tempo dedicado ao top goal
Os foguetes consomem 90% de sua energia durante o lançamento, quando precisam superar a força da gravidade e alcançar a estratosfera. Essa fase inicial de lançamento requer uma quantidade absurda de combustível e energia para vencer a resistência atmosférica.
Lançar um novo produto ou negócio é muito parecido. Tudo tende a entropia e ao caos, portanto o dono do projeto deve ter foco absoluto em realizar o lançamento e garantir que ele alcance a estratosfera. Se o top goal envolve o lançamento de “foguetes", ele deve consumir no mínimo 6 horas focadas do seu dia, que podem ser divididas em 3 sessões de 2 horas com intervalos funcionais (emails, whats, ligações não relacionadas) ou rejuvenecedores (fazer uma caminhada, beber um chá, meditar). Importante definir “horas focadas": celular no modo avião quando possível, redes sociais desligadas e atenção na resolução do problema em questão.
Trabalhar, criar filhos, praticar esportes, meditar, desenvolver o side hustle, ler, ter uma vida conjugal descente, cultivar as amizades e relacionamentos, planejar para o futuro … ufa, tá fácil. Fazer tudo isso sentindo que a vida está prosperando e com senso de protagonismo é um desafio, onde certamente o uso (ou desperdício?) diário de mais de 3 horas nas redes sociais não ajuda. Para dar conta, minhas 3 dicas práticas são:
Seja um Otimizador na sua tomada de decisão, aceitando que nem sempre haverá uma opção perfeita; isso leva a uma maior sensação de satisfação e contentamento com suas escolhas, resultando em níveis mais elevados de felicidade. Não seja um Maximizador, constantemente preocupado em tomar a escolha "certa"; essa busca pela perfeição e pelo melhor resultado leva a um ciclo interminável de comparação e arrependimento, o que impacta negativamente seu bem-estar.
Defina o seu top goal e foque nele ao menos 2 horas por dia. Se estiver lançando “foguetes", multiplique este número por 3.
Um amigo do mundo de venture capital simplifica muito a sua vida tendo apenas um tipo e cor de camiseta no seu guarda-roupas: camisetas básicas pretas. Fica a dica: vista apenas camisetas pretas 😃.
Que tenhamos todos uma semana, e uma vida, mais produtiva e feliz 🙌.