Coragem é um tema muito presente na minha narrativa pessoal.
Diferentemente da maioria dos que habitam o meu contexto hoje, eu saí de uma cidade de 30 mil habitantes e, como filho de funcionários públicos, sempre fui incentivado a seguir carreira pública. Meus pais me deram tudo o que podiam, e nunca senti que era pouco, o contrário. No entanto, os modelos de sucesso ao meu redor eram muito diferentes dos que eu enxergo hoje. Passar num concurso público era o auge da ascensão profissional. A voz da minha querida mãe ainda ressoa no meu ouvido de vez em quando "Alex, concurso é que é bom!”.
Foi minha inquietação e inconformismo com o mundo do trabalho que me levaram a ir atrás de melhores oportunidades. Primeiro, saí de Florianópolis (já morava na capital quando jovem adulto) para um mestrado técnico no Canadá, onde fui agraciado com uma bolsa de estudos generosa que cobriu meus estudos e custo de vida. Nunca gostei do lado técnico, mas abracei aquele mestrado como a grande oportunidade de alavancar minha vida. Trabalhei e estudei feito um louco, ganhei todos os prêmios que podia, e me destaquei.
Depois, sedento por trabalhar no mundo dos negócios e para ter um salário de verdade, apliquei para programas de trainee no mundo inteiro e tive a sorte de passar para o trainee internacional da Nestlé, na Suíça. Aqui eu virei o orgulho da família.
O primeiro salário da minha carreira era mais do que meus pais ganhavam juntos na aposentadoria. Eu estava realizando o sonho de me juntar a essa empresa que eu tanto admirava. No entanto, o trabalho naquele universo ultra corporativo, devagar e pouco prático rapidamente me sufocou. Eu não me conformava em usar o meu precioso tempo, minha única vida, de forma tão improdutiva e frustrante, apesar de todos os benefícios que a vida corporativa na Suíça oferecia. Minha saída foi o MBA, o que me demandou muita coragem porque eu tinha todos os incentivos para continuar na Nestlé: uma promoção garantida, uma vaga no concorrido MBA interno da companhia, colegas que me chamavam de louco em querer largar aquela "mamata", e a voz da minha mãe que sempre sussurrava "que emprego dos sonhos". Apliquei para o MBA sem ter nenhuma referência próxima que havia aplicado e passado nos melhores MBAs do mundo. Fiz tudo na raça e da forma mais independente possível (minha identidade), estudando pro GMAT sozinho, quebrando a cabeça escrevendo as essays, etc. Deu certo, e mais um sonho pra dar o check.
O MBA, e a marca de Harvard, me abriram muitas portas, e me colocaram numa posição que me fez perceber como eu era diferente da grande maioria. Minha família não era rica, eu não havia trabalhado na Faria Lima e no mercado financeiro, e desconhecia a linguagem e hábitos que dominavam aquele ambiente de elite. Mas eu tinha drive, sempre tive, e coragem. Rapidamente me adaptei, fiz amigos verdadeiros, e usei o melhor daquele contexto para avançar no problema que eu queria resolver: usar meu tempo da forma mais produtiva possível, criando valor ao mundo e a mim, sendo feliz ao longo da jornada, como eu era na empresa júnior que ajudei a fundar na UFSC.
Bom, 10 anos depois de completar o MBA, muito aprendizado passando por lugares de barra alta e gente muito boa, estou finalmente conectando os pontos e avançando na minha jornada de realização profissional. Com a mesma coragem e drive, porém com a maturidade que só o tempo traz e a estabilidade que construí não através de um concurso público, mas através de muita ralação.
A mensagem para quem está começando: coragem e determinação são fundamentais para crescer na carreira e na vida, mas coragem não tem a ver com arrogância, decisões impulsivas e irracionalidade. Coragem é olhar para dentro e reconhecer quem é você e o que importa, olhando para fora e acreditando mais em você do que todos ao seu redor, e trabalhar muito para construir a própria sorte.
Eu não vim de uma família privilegiada, e precisei de muito suor e resiliência, fazendo muita coisa que você não gostava, aturando muita gente que hoje eu não tomaria nem um café junto, para aos poucos construir a liberdade que eu já sabia que queria desde o começo, há 20 anos atrás. Me custou alguns cabelos brancos, mas me deu tanta história pra contar :).
Vejo e ouço uma galera que quer tudo o que eu demorei 20 anos para construir - numa jornada que sou muito grato e que valeu cada segundo - nos primeiros anos de carreira. Se o primeiro emprego não entrega a autonomia, espaço para liderança e remuneração que acham que merecem, pulam fora nos primeiros 3 meses em busca de ter tudo, o que é utópico no mundo do trabalho (e na vida). O mundo mudou, eu sei, e tem uma molecada de 20 e poucos anos ganhando muito dinheiro na Internet, mas esses são a excessão e acho importante analisar os casos com ceticismo já que o Brasil é o país das pirâmides e fraudes.
Trade-offs existem o tempo inteiro. Decida o que é importante para você, experimente, tenha uma opinião e use sua voz, sonhe grande, e arregace as mangas e trabalhe. Nada vem de graça. Tem que suar, não tem jeito.
De uma Kombi hippie para a Faria Lima
Falando em esforço e resultado, aproveito para divulgar o sétimo episódio do podcast Um Impossível por Vez, onde o Tiago Luz e eu conversamos com pessoas de destaque no universo de liderança e empreendedorismo. Aqui, batemos um papo com a Acacia Morena, CEO da ATMosfera Ventures.
Carioca, nascida em um táxi em movimento em plena Avenida Atlântica e filha de pais hippies, ela nos contou como construiu sua carreira até se tornar a profissional que é hoje. Tudo isso através de uma narrativa leve e descontraída.
Além disso, também passamos por temas importantes, como a liderança feminina no ecossistema de startups no Brasil, sobre a conciliação da maternidade com a carreira, sobre a o desenvolvimento de hábitos saudáveis desde já para uma vida futura mais tranquila e vários outros temas muito legais.
Confira o episódio completo no YouTube ou Spotify, e não esqueça de nos seguir porque tem muita coisa boa já pronta e muito mais por vir!
Dewi Sri, a Deusa da Fertilidade, Abundância e Prosperidade
Hoje, dia 29 de novembro de 2023, é um dia onde o povo Balinês celebra Dewi Sri, a Deusa da Fertilidade, Abundância e Prosperidade. As ruas estão mais enfeitadas com oferendas, as lojas e restaurantes mais perfumados de incenso, e as mulheres desfilam com seus trajes típicos para estes dias especiais: lindas, coloridas, elegantes e sorridentes.
Perguntei na lojinha onde sempre compramos nossa granola e ovos o que deveríamos fazer para honrar esta deusa no dia de hoje, e a resposta foi: ofereça flores e acenda incensos. Além da dica, saí da loja agraciado com um pratinho de flores a ser ofertado a Dewi Sri. Peço mais fertilidade, abundância e prosperidade a mim e aos meus, e estendo as preces a comunidade que tão bem nos recebeu na Ilha dos Deuses e a todos os seres de bem pelo mundo. Bali tem me deixado bem mais espiritualizado e aberto ao diferente. Isso é bom. Estou feliz.
Obrigado por me acompanhar! Um abraço, muita fertilidade, abundância e prosperidade, e também muita energia para fazer tudo isso acontecer. Porque nada vem de graça, tem que suar 😅.
Let's hike!
Alex
VIAJAR. A MELHOR FORMA DE SE PERDER E SE ENCONTRAR AO MESMO TEMPO.
Brenna Smith
Sensacional !!! Inspiração para mim!!