Somos movidos por narrativas. Histórias que os outros nos contam e, principalmente, que contamos a nós mesmos. Essas vozes orientam nossas decisões e, consequentemente, nossas ações. A exposição direta a novas experiências enriquece o repertório dessas narrativas. A exposição direta significa viver as experiências visceralmente, não apenas através das histórias dos outros, como pelas mídias sociais, por exemplo, mas sim através do nosso protagonismo. Essa vivência nos permite expandir nossas referências e reavaliar histórias e crenças que já não nos pertencem.
Desde sempre, conectar-se com estranhos e vivenciar novos ambientes é fundamental para o crescimento humano. O conforto e o familiar são prenúncios de fraqueza e medo. Sem rejeição e sem passar vergonha e constrangimentos não experimentamos a verdadeira satisfação de ter conquistado algo. Isso só acontece quando mudamos de frequência e começamos a escutar novas estações de rádio que comunicam mensagens inéditas através das vozes de diferentes narradores. Os lugares que frequentamos nos "sussurram" mensagens o tempo todo; se ouvirmos somente os mesmos "sussurros" por muito tempo, podemos acabar acreditando que eles são verdadeiros. Isso é perigoso.
Não é necessário mudar de país ou de cidade para viver e ouvir novas histórias. No entanto, é preciso esforço e intenção para mudar a frequência do rádio, ouvir novas mensagens e questionar o que nos "sussurram" até então. Minha paixão por esse tema vem de experiência direta: há 20 anos, parti de minha querida Floripa para explorar o mundo e, o mais importante, a mim mesmo. Entre sorrisos, suor e lágrimas, descobri o que é importante para mim e, ao superar rejeições e constrangimentos, vivi experiências marcantes que definem meus valores e minha essência. Chamo isso de empreendedorismo de vida, pois fiz diversos testes e protótipos até entender o que funciona para mim, e continuo fazendo, porque a vida é dinâmica.
Há uma história que referencio bastante, pois ilustra muito bem o que vivi e no que acredito. É a história de Flatland, do inglês Edwin Abbott. Apesar de antiga (1884), ela nunca foi tão atual, especialmente na sociedade moderna, onde somos bombardeados pelas mesmas vozes através dos loops dopaminérgicos das mídias atuais.
A história gira em torno de uma esfera que decide viajar e conhecer um lugar chamado Flatland, ou Terra Plana. Lá, tudo existe em apenas duas dimensões, e a esfera fica surpresa ao perceber que todos a veem apenas como um círculo, incapazes de enxergar suas três dimensões: altura, largura e profundidade. Frustrada, ela tenta explicar ao quadrado o que é o mundo em 3 dimensões, mas ele não compreende.
Diante da impaciência, a esfera toma uma decisão ousada: levar o quadrado consigo em sua viagem de volta ao mundo 3D, para que finalmente ele possa ver e sentir o que ela tanto insiste em explicar. Ao chegar no mundo 3D, o quadrado fica perplexo e tomado por um pavor indescritível. Ele se depara com uma escuridão inicial, seguida de uma sensação de enxergar sem realmente ver. O espaço se revela em formas inesperadas, e ele se reconhece e, ao mesmo tempo, não se reconhece mais. Aturdido, o quadrado grita “isso é a loucura total ou o próprio inferno!”.
Porém, a esfera responde calmamente: "Não é nenhum dos dois, isso é conhecimento, é o mundo em 3 dimensões. Abra seus olhos novamente e tente olhar com calma." O quadrado decide seguir o conselho e, magicamente, um novo mundo se descortina diante dele, cheio de possibilidades e percepções antes desconhecidas.
Criar novas histórias é fundamental para nosso crescimento. Mas para isso, é necessário ter fé de que vai dar certo. Essa é a essência do empreendedorismo: acreditar que algo novo e melhor é possível e ter a determinação para fazê-lo acontecer. Para nutrir essa fé, recomendo: saia de casa, mude de frequência, escute outras narrativas, questione as que você já ouviu e construa novas histórias. Sair faz bem.
Let's hike!
Alex
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