O ponto de origem: Storytelling para founders
Porque comunicação e storytelling são absolutamente essenciais na jornada do empreendedor.
Olá pessoal, tudo bem?
Você já sabe mas o importante precisa ser repetido (com frequência!): comunicação e storytelling são absolutamente essenciais na jornada do empreendedor. Seja para levantar capital, engajar com clientes, recrutar os melhores talentos ou fazer um M&A, engajar com sua audiência transcendendo o lado racional pode ser determinante para o sucesso do seu negócio. O que você quer é despertar o interesse e curiosidade além do que foi dito e mostrado em apresentações, deixando a audiência com gostinho de quero mais.
No artigo de hoje eu aprofundo sobre a importância de uma boa narrativa e trago algumas frameworks úteis. Para começar, apresento uma figura que ilustra a relevância da narrativa versus resultados concretos em diferentes estágios de uma empresa: quanto mais jovem for a startup, maior a relevância da narrativa que comunica o potencial da equipe fundadora em executar uma visão ambiciosa; em empresas mais maduras, os resultados concretos terão maior relevância, mas mesmo assim os founders continuarão a vender o sonho grande para investidores, clientes, novos talentos e potenciais compradores da empresa, entendendo que mesmo na série C estão apenas começando a construção de algo gigante.
Se você está no corre e quer só o resumo:
Nós pensamos em narrativas durante todo o dia e, consciente ou inconscientemente, formamos histórias para cada ação e conversa, sendo que 65% de nossas conversas são formadas por histórias. As histórias têm um papel fundamental na comunicação humana, sendo poderosas para estabelecer conexões emocionais e transmitir informações de forma clara e interessante.
Ao amarrar sua história pessoal à história de criação da sua empresa, você cria um vínculo emocional com investidores, clientes e colaboradores, comunicando o propósito da empresa de forma autêntica.
Para estruturar sua história, utilize frameworks práticos, como a jornada do herói, o modelo do "Círculo Dourado" e o modelo "Desafio-Solução-Impacto", destacando o ponto de origem, os desafios superados e os valores da sua empresa.
Founders que estão começando: Foque seu pitch mais em você, na sua história, habilidades e aspirações, do que na empresa. Lembre-se: no começo, investidores apostam muito mais nas pessoas do que nos negócios. De forma humilde porém cheia de energia e convicção, é importante construir relacionamentos através da "venda” da sua jornada e potencial, entendendo que a empresa e oportunidade poderão mudar. Demonstre gratidão e reconheça os aprendizados ao longo do caminho.
Seja autêntico. Ao contar sua história, seja transparente, humano e genuíno. Mostre vulnerabilidade e compartilhe os altos e baixos da sua jornada, criando uma conexão emocional genuína com seu público.
Por fim, seja conciso e to-the-point. Pratique sua narrativa no formato de 5 e 15 minutos até que ela saia naturalmente, de dentro pra fora.
Michael Moritiz é o bilionário chairman da Sequoia, icônico fundo de venture capital do Vale do Silício. Abaixo eu compartilho um vídeo onde ele argumenta a importância de storytelling para founders que estão vendendo um sonho, já que startups têm tipicamente muito de visão e pouco de concreto porque estão, como o nome diz, apenas starting.
A arte de articular seu passado, presente e futuro de forma coerente, ambiciosa e inspiradora é fundamental para orientar o foco e energia no que, de fato, fará a história acontecer. Desde sempre a raça humana conta histórias para dar sentido a sua existência, para explicar o inexplicável e organizar a complexidade do mundo e da vida de forma clara, interessante e, quase sempre, carregada de emoção. Para empreendedores, o brilho no olho ao fazer a venda da startup tipicamente surge da amarração natural entre a narrativa do empreendedor (herói) e desafios e problemas, chegando até à solução e ao impacto, que comunica o propósito da empresa.
Por que amamos histórias?
Como não lembrar das fábulas contadas quando criança, dos filmes que marcaram época, de novelas de sucesso ou de propagandas emocionantes? A dinâmica narrativa está no DNA da comunicação humana e, desde as primeiras pinturas rupestres, contar histórias tem sido um dos nossos métodos de comunicação mais importantes. Todos nós lembramos e gostamos de uma boa história, seja um romance, um livro ou simplesmente uma novidade que um amigo está nos contando. Pensamos em narrativas durante todo o dia e, consciente ou inconscientemente, formamos histórias para cada ação e conversa, sendo que 65% de nossas conversas são formadas por histórias.
Jonathan Gottschall, em seu livro The storytelling animal — how stories make us human, reforça a ideia da universalidade da presença das histórias na espécie humana. Segundo o autor, somos uma espécie completamente atrelada a um mundo cheio de contos, e não só durante a infância. E por que histórias são um objeto tão fascinante para a imaginação humana? Por que o formato de uma história, onde se desenrolam os acontecimentos, um após o outro têm um impacto tão profundo em nossa aprendizagem?
A resposta basicamente está no fato de estarmos ligados através das histórias. Histórias naturalmente educam, alertam e influenciam quem as ouve. Aquilo que nos é contado desde a infância torna-se parte do que somos como pessoas. Histórias engajam e geram emoções e conexões em níveis intangíveis que nem sempre conscientemente compreendemos. Histórias são capazes de gerar empatia. Cientificamente, não são apenas as partes de processamento de linguagem em nosso cérebro que são ativadas, mas toda a área de nosso cérebro, fazendo com que entremos em modo de atenção plena.
Tudo começa com sua narrativa pessoal
Uma boa história capta a atenção, relaciona eventos formando uma ideia completa, e deixa uma impressão duradoura ao fim. Para tanto, o processo de estruturação de sua história deve iniciar com uma autorreflexão. É imprescindível que você tenha este momento de introspecção e percorra o seu passado, identificando seus pontos fortes e fracos e os momentos da sua vida que influenciaram o que você é hoje. O que te inspirou a chegar até aqui? Que evento determinou uma mudança de planos? Quais valores e princípios norteiam suas decisões?
Como ouvintes, gostamos de entender o porquê de alguém estar fazendo algo. Com uma história bem articulada, você supre a necessidade do elemento humano nas relações interpessoais de entender de onde você vem, o que determinou o que você é hoje, no que você acredita e contra o que você luta. Toda história deve ter um início que desperte o interesse, uma continuação que segure a atenção com elementos de suspense e questionamento e um fim que deixe uma percepção positiva. Sua história deve ser marcada por um desafio e uma escolha a ser feita, por suas ações e no que tudo isto resultou. Ao transmitir estes elementos e comunicar sua trajetória de uma maneira autêntica, você estabelece uma conexão emocional e ganha a confiança do seu público, facilitando o trabalho de persuasão e garantindo que sua identidade seja percebida de forma autêntica e marcante.
Para empreendedores
Michael Moritiz é o bilionário chairman da Sequoia, icônico fundo de venture capital do Vale do Silício. No vídeo abaixo ele argumenta a importância de storytelling para founders que estão vendendo um sonho, já que startups tem tipicamente muito de visão e pouco de concreto porque estão, como o nome diz, apenas starting.
Por isso, para empreendedores, separei 4 frameworks práticas que lhe ajudarão a contar boas histórias.
Encontre o Ponto de Origem: Identifique o ponto de origem da sua jornada pessoal e como ele se conecta à criação do seu negócio. Pergunte a si mesmo: qual foi o momento-chave, a experiência ou a paixão que o levou a iniciar essa jornada empreendedora? Esse ponto de origem é um elemento fundamental da sua história.
Framework: A jornada do herói, popularizada por Joseph Campbell, pode ser um guia valioso. Identifique o chamado à aventura (ponto de origem), os desafios enfrentados ao longo do caminho e a transformação pessoal que ocorreu durante essa jornada.
Compartilhe sua Paixão: Transmita sua paixão pelo problema que sua startup está resolvendo. Mostre porque esse problema é pessoalmente significativo para você e como ele afeta a vida das pessoas. Essa conexão emocional ajudará a atrair investidores e a cativar o interesse do seu público.
Framework: Utilize o modelo do "Círculo Dourado" de Simon Sinek, que se baseia nas perguntas "por quê?", "como?" e "o quê?". Comece pela resposta ao "por quê?" - o propósito que motiva sua startup e o impacto positivo que você deseja criar.
Descreva os Desafios Superados: Conte histórias envolventes sobre os desafios que você enfrentou ao longo da jornada empreendedora. Mostre como você superou obstáculos, aprendeu com as adversidades e se tornou mais resiliente. Isso inspirará outros fundadores e demonstrará sua capacidade de enfrentar desafios.
Framework: O modelo "Desafio-Solução-Impacto" é eficaz para contar histórias. Descreva o desafio que você enfrentou, explique como sua startup desenvolveu uma solução única e, por fim, ilustre o impacto positivo que sua solução teve para os usuários ou para o mercado.
Destaque os Valores da sua Startup: Alinhe sua história com os valores fundamentais da sua startup. Mostre como esses valores permeiam a cultura da empresa e são refletidos em todas as decisões e ações. Isso ajudará a construir uma identidade sólida e a atrair pessoas que compartilham desses valores.
Framework: Utilize a estrutura dos "Valores Centrais" de Jim Collins. Identifique os valores essenciais que impulsionam sua startup e explique como eles são vividos no dia a dia, tanto internamente quanto na interação com clientes e parceiros.
Seja Autêntico: Por fim, seja autêntico ao contar sua história. Não tenha medo de mostrar vulnerabilidade e compartilhar os altos e baixos da sua jornada. Isso criará uma conexão emocional genuína com seu público e demonstrará sua autenticidade como fundador.
Framework: Não há um framework específico para autenticidade, mas lembre-se de ser você mesmo ao contar sua história. Isso significa ser transparente, humano e genuíno em suas palavras e ações.
Para founders que estão começando, recomendo focar seu pitch mais em você, na sua história, habilidades e aspirações, do que no negócio. Lembre-se: no começo, investidores apostam muito mais nas pessoas do que nos negócios, cientes de que o problema a ser resolvido pode mudar com um pivot, já as pessoas não mudam com a mesma facilidade.
De forma humilde porém cheia de energia e convicção, é importante construir relacionamentos através da "venda” da sua jornada, entendendo que a empresa e oportunidade poderão mudar. Demonstre gratidão e reconheça os aprendizados ao longo do caminho.
Dito tudo isso, por favor não se alongue ao contar sua história. Pratique sua narrativa nos formatos de 5 e 15 minutos, sabendo navegar entre eles dependendo do engajamento da audiência. Na dúvida, vá pela brevidade, aprofundando conforme as perguntas do ouvinte.
Dominar a arte do storytelling é essencial para fundadores de startups que desejam atrair investidores, cativar clientes e engajar colaboradores. Ao conectar sua jornada pessoal à história da sua startup, você cria um vínculo emocional poderoso.
Espero que este artigo seja útil para você na sua jornada empreendedora. Se tiver mais alguma dúvida ou precisar de mais informações, sinta-se à vontade para entrar em contato. Boa sorte em compartilhar sua história e criar conexões significativas!
Abraço e vamos que vamos!
Alex
Sobre mim: Primeiramente, muito obrigado por acompanhar a minha jornada e os meus conteúdos. Para quem está chegando agora, eu me chamo Alex, sou pai da Aisha e do Kai, e há 20 anos eu peguei meu mochilão e parti de Florianópolis para explorar o mundo e a mim mesmo. Naquela época a grana era bem curta, mas a vontade de conhecer o mundo e explorar o desconhecido era enorme. Desde então, acumulei endereços em 6 países, bati canela em mais de 60, e tive a sorte de conviver, aprender e empreender em lugares de excelência. Encontrei minha paixão no mundo do empreendedorismo, seja como investidor ou construtor, e vivo o meu propósito ajudando pessoas e empresas a encontrarem e viverem suas melhores versões.
Fundei a HIKE para aplicar e expandir aquilo que aprendi até agora com founders e empresas de alto crescimento, oferecendo uma visão independente, experiente e crítica em temas como estratégia, incentivos, cultura, fundraising, product-market fit, hiring and firing, M&A, como lidar com adversidade, e outros. Saiba mais sobre os meus serviços aqui.
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