Floripe-se, e conecte-se além da sua bolha
Uma visão completamente enviesada do potencial da Ilha da Magia, um lembrete de que somos a média das pessoas com quem mais convivemos, e um convite para um bate-papo (gratuito)
Creativity is thinking up new things. Innovation is doing new things.
Theodore Levitt, Professor, Harvard Business School.
1. Floripa como global hub de empreendedorismo e tech
Eu sou suspeito para falar, porque sou orgulhosamente “manezinho da ilha", apelido dado aos que nasceram na Ilha da Magia, ou Florianópolis. Mas depois de rodar o mundo - e olha que eu rodei por mais de 70 países, e continuo rodando, rs - e ter explorado diferentes ecossistemas de inovação, estou para ver um solo mais fértil do que Floripa para nutrir e florescer pessoas, empresas e comunidades. A qualidade de vida é única, com praias limpas e para todos os gostos, ótimas opções gastronômicas, clima ameno e ótimas universidades. O aeroporto é excelente e bem conectado; São Paulo está a menos de uma hora. O trânsito, sem dúvida, poderia ser melhor, porém é mais gerenciável do que São Paulo e se você não precisar rodar pela ilha sua qualidade de vida será incrível. Eu sou morador do sul da ilha, da maravilhosa Praia do Campeche, e me sinto bem servido com escolas, serviços médicos, e outras comodidades cotidianas, além de estar a 12 minutos do aeroporto. Apesar de Floripa ser muito conhecida, especialmente pelos paulistanos, como um lugar paradisíaco para se viver, ainda há muito para que ela seja conhecida globalmente. Os gringos ainda não nos descobriram.
Assim como San Francisco, Miami, Austin, Lisboa e Barcelona se tornaram hubs globais de inovação por oferecerem um estilo de vida não encontrado nas megalópoles, atraindo talentos e rebeldes do mundo inteiro que aspiravam por construir suas vidas, carreiras, negócios e histórias conforme suas próprias regras, Floripa é a minha aposta como uma das novas queridinhas dos tech bros globais. O que falta, na minha visão, são dois elementos, que se conversam entre si: (1) capital, com investidores de bolso fundo mais presentes e mais bem conectados ao ecossistema e (2) o sonho grande, porque muitos dos empreendedores da região se contentam com pouco, e limitam suas aspirações para muito aquém do seu potencial.
Não vou aprofundar muito porque os preços dos imóveis nas praias mais centrais já cresceram demais no pós-pandemia, e minha convicção é tanta que se eu continuar meu pitch você provavelmente vai começar a procurar sua próxima moradia na próxima aba do seu browser. Eu sou bairrista, confesso, mas tenho fundamento, rs.
2. Caso real: executivo senior de tech está voando na empresa, mas tem pouca visibilidade sobre o que acontece fora da sua bolha
Um mentorado é um executivo senior de tech, diretor comercial de uma empresa parruda do mercado. Já recebeu premiações em dinheiro e acaba de receber mais um pacote de stock options, o que é muito merecido e um reflexo de suas entregas. No entanto, ao refletir sobre os cenários profissionais que podem fazer sentido num futuro próximo, ele tem pouca visibilidade sobre o que está acontecendo no mercado.
Isso é muito comum. Profissionais high achievers abaixam a cabeça e focam em entregar a meta, e entregam, ou vão além e batem a super meta. Apesar do sucesso imediato e do reconhecimento, permanecer míope ao o que está acontecendo fora da empresa pode ser prejudicial ao longo prazo, e até ao curto dado que deixa-se de aprender e trocar com outros profissionais que estão passando ou já passaram pelos mesmo desafios. Minha recomendação: tenha 3 mentores, formais ou informais, além da sua bolha. Além dos seus gestores diretos e indiretos, procure um mentor de outra área da empresa e idealmente mais duas pessoas de fora da organização. Estabeleça relacionamentos que tragam aprendizado e trocas genuínas e recíprocas, e marque na agenda um almoço ou café a cada 4-6 semanas com cada uma destas pessoas. Almoço é o meu tipo de setting favorito para este tipo de troca. É impressionante o quanto estas conversas podem nos inspirar, acalmar, trazer perspectiva e nos ajudar a tomar melhores decisões, tanto no operacional do dia a dia quanto no estratégico das nossas funções e, principalmente, das nossas vidas e carreiras.
The bottom line: esteja cercado de pessoas que que bebam de diferentes fontes e que tenham a barra alta, te ajudando a executar, conectar e avançar em direção a sua melhor versão, sempre.
3. Convite:
Bate-papo sobre o mercado de VC no Brasil: de onde viemos e para onde vamos
Tenho falado com muito gestor de fundo recentemente já que em breve volto ao Brasil, finalizando meu (semi-)sabático, e estou sentindo o clima do mercado.
A realidade é que a cadeia de valor do venture capital está bastante apertada. Lembrando que o capital tipicamente navega do bolso de grandes investidores institucionais (Limited Partners, os LPs), como family offices (Brasil), bancos e endowment funds de grandes universidades (EUA), para os fundos de venture capital, que alocam capital em startups e fazem a gestão do portfólio.
O desafio da nossa região continua sendo liquidez e a reciclagem de capital: como os "exits" costumam demorar de 7-10 anos e o mercado de IPOs e M&As no Brasil é menos ativo que nos EUA, o LP precisa ser paciente. Diante de alternativas líquidas, com bom retorno e baixo risco, como é o momento atual da renda fixa, a classe VC pode parecer pouco atrativa. Isso reflete em menos capital para fomentar inovação e startups no mercado, principalmente em novos gestores, que estão construindo portfólio e tem pouco histórico de liquidez.
Isso quer dizer que será o fim das startups? De forma alguma, eu continuo bullish, acreditando que estamos apenas no começo. O que muda é a contínua busca por modelos mais atrativos economicamente, mais resilientes em necessidade de caixa, e precificações cada vez mais baseadas na geração de fluxo de caixa recorrente, crescente e positivo. Com o mercado de funding mais apertado, o investidor que colocar o primeiro cheque agora precisa estar seguro que a empresa decolará sem necessariamente o segundo cheque.
Vou bater um papo sobre isso com empreendedoras e empreendedores que se interessarem pelo assunto na quinta-feira, 7/3, às 19:30.
Gratuito e pelo zoom.
Escrever faz bem. Organizar as ideias faz bem. Ser ouvido faz bem. Compartilhar e continuar aprendendo faz bem.
Obrigado por estar aqui. Sua presença me faz bem, espero que seja recíproco.
Bora fazer, e let's hike!
Alex
It doesn’t interest me what you do for a living. I want to know what you ache for and if you dare to dream of meeting your heart’s longing.